Procuradoras Carolina Mercante e Renata Coelho falam sobre a atuação do MPT no combate ao trabalho escravo na moda em Seminário realizado na Câmara dos Deputados
Evento integra ações da Semana Fashion Revolution
As procuradoras Renata Coelho e Carolina Vieira Mercante foram debatedoras do painel Trabalho digno na moda, durante o seminário Revolução da Moda ー Diálogos sobre iniciativas legislativas para a moda consciente, realizado na Câmara dos Deputados. Os participantes do Evento discutiram o papel do Legislativo no cenário da moda consciente. Foram abordados três temas centrais: racismo na moda, algodão orgânico e agricultura familiar, e trabalho digno na moda.
A procuradora Renata Coelho ressaltou que a moda movimenta os três setores da Economia: a indústria, o comércio e a agricultura, repercutindo na vida de todos os trabalhadores. “A moda também é o lojista que trabalha 14 horas no shopping, de segunda a segunda, sem sábados, domingos e feriados porque as convenções coletivas do comércio permitem trabalhar numa Sexta-feira Santa. Quando falarmos de moda, é preciso pensar não só na costura, na confecção. A moda é também a trabalhadora indiana que morre com 30 anos de idade intoxicada por causa dos produtos utilizados no tingimento de roupas. Também são as crianças de sete anos de idade costurando sapato em Franca, interior de São Paulo”, afirma.
Para a procuradora Carolina Vieira Mercante, é necessário atuar de forma globalizada, aliando forças entre o poder público e a sociedade civil. “Não adianta não comprar em uma empresa. Temos que trabalhar em várias frentes. É importante atuar na conscientização. Mas também é necessário o trabalho de inteligência para avançar no combate às irregularidades no mundo da moda”.
O Evento fez parte da quinta edição brasileira da Semana Fashion Revolution, realizado em mais de 50 cidades brasileiras. O movimento começou em Londres para lembrar o primeiro ano do desabamento de um prédio de oito andares em Daca, capital de Bangladesh, que resultou na morte de 1.127 pessoas em 24 de abril de 2013. O edifício abrigava fábricas de vestuário e um centro comercial. Além de elevado número de vítimas, o caso chamou a atenção por revelar um lado obscuro da indústria da moda, caracterizada por condições precárias de trabalho e até mesmo pela exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão.
Participaram do painel, a deputada Federal Érika Kokay (PT-DF), auditor-fiscal do Trabalho Renato Bignami, representantando o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT) e a jornalista Iara Vidal, coordenadora do movimento Fashion Revolutionem Brasília.